terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Capítulo 3, parte 2

António gostava dos caracóis de Laura, e ficou a pensar neles, ouvindo uma música no rádio. Apeteceu-lhe percorre-los com a mão, ao ritmo daquela música, e senti-los nos dedos, enquanto ela continuava a olhar a estrada interminável. Ela disse que ia trovejar. Sentia a eletricidade no corpo, sentia que a fibra do vestido carregada de electrões lhe fazia um formigueiro. Puxou o vestido curto para cima, como a querer libertar-se de um desconforto súbito, como se o vestido a queimasse, e passou as mãos nas coxas e nas nádegas, devagar. «Vai trovejar». António concordou, com o olhar correndo os pespontos sinuosos do vestido de Laura. Apeteceu-lhe parar, transformar os caracóis num brinquedo, dizer-lhe que gostava daquele vestido curto, subir-lho devagar com as próprias mãos. Fez tudo isso sem lho dizer, beijou-a, mirou-lhe o doce balançar dos seios, deixou-se embriagar pelo seu hálito, sem lho dizer. Já tinham andado mais de mil quilómetros e talvez fosse tempo de parar. Ouviram trovejar ao longe.

 

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