De visita a Lisboa acabei a conversa com o advogado, meti-me no carro e, sendo sexta-feira, fui à fnac no Colombo. Comprei o Cemitério de Pianos, do José Luís Peixoto. Já tinha lido um livro de poesias dele, recente, não me lembro como se chama, que comprei na feira do livro de Lisboa (e que o vendedor, enquanto eu estava a pagar, recebeu um telefonema do editor a quem disse, com ar de crise económica, que tinha acabado de vender o último livro do José Luís Peixoto…) e, antes, tinha lido a Cal, Nenhum Olhar, e Morreste-me.
Não sabendo por que razão havia de ficar em Lisboa, fui para Setúbal, com a ideia de comer um peixinho grelhado no Baluarte do Sado, o único sítio do mundo em que sei que sabem como gosto do peixe e sei que o fazem sempre como eu gosto. Mas, não sei porquê – sei, mas não interessa explicar…-- acabei no Baluarte da Avenida, que é da mesma família, mas onde eu nunca tinha estado; decidi experimentar (se não andas a fazer nada errado é porque não andas a fazer nada de novo…); pedi cherne (mal passado, é só tirar o sangue), uma salada de alface, tomate, e cebola, temperada com azeite, vinagre, e sal grosso (quem achar que isto não é importante, escusa de ler o resto). O cherne estava bom, peguei no José Luís Peixoto e comecei a ler. E comecei a chorar. Livros bons são aqueles que se invejam. Lembrei-me daquele telefonema do hospital: não sei se já lhe disseram que o seu pai morreu… Não tinham dito, mas eu sabia. Acharam que o cherne não estava bom. Mas estava. José Luís Peixoto: és um excelente escritor, parabéns pelo teu trabalho.
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