quarta-feira, 30 de junho de 2010
Philippe Starck em Nova Iorque
Passei uma semana em Nova Iorque, a evitar um exagero de museus e outros destinos culturais, tentando conhecer a cidade a caminhar nas ruas. Evitei a maior parte dos lugares comuns. Não perdi: o restaurante do nono piso do MAD– Museum of Arts and Design— onde comi uma ótima asa de raia a voar sobre o Central Park; a MoMA Design Store—loja do Museum of Modern Art.
A MoMA Design Store tem à venda, em destaque, produtos de designers portugueses, sob o tema Destination Portugal. Estes produtos estão na loja da 54th Street desde Maio e ali ficarão alguns meses. A coleção mostra cerca de 100 artigos, alguns deles longe de Portugal pela primeira vez, de designers mais conhecidos e de designers emergentes. Muitos dos produtos usam materiais e técnicas tradicionais, valorizando princípios de design ecológico.
No último dia, cumpri um sonho de mais de trinta anos: comprei uma objetiva olho-de-peixe (nenhum lugar é melhor do que Nova Iorque para bater umas chapas com uma olho-de-peixe, a arredondar o skyline e a dobrar a espinha aos arranha-céus). Entrei numa das muitas lojas de máquinas fotográficas, telemóveis, computadores, iPades, todo o tipo de gadjet e bugigangas: o Martim Moniz em bom.
À porta, um vendedor de carreira, como só em Nova Iorque: cumprimenta-me, quer saber como me sinto naquele dia, pergunta-me pela família, e diz-me que tem tudo o que eu preciso. E tem. Testa-se, discute-se o preço, paga-se e sai-se… mas não sem antes ter de recusar trinta modelos de última geração de telemóveis e computadores, apregoados por outros tantos vendedores da mesma loja.
Já com a mão na porta, um dos homens toca-me insistentemente no ombro, a apontar-me um elegantíssimo afro-americano sentado a meio da loja, não com ar de vendedor, mas com ar de ser o dono daquilo tudo. Tinha um ar sereno, muito bem vestido, de azul, e eu nem sequer tinha reparado nele porque não me tinha tentado impingir nada. Mas agora olhava para mim, olhos nos olhos, e apontou o dedo negro e luzidio na minha direção. Percebi que não apontava para mim apenas. Apontava, precisamente, para a minha cara, com o braço em riste, e o dedo esticado na direção do meu nariz. Não fiquei nada à vontade.
O outro, o que estava à porta disse-me: «Ele quer mostrar-lhe uma coisa». Ainda menos à vontade, pensei que o homem seria mudo, ou que tinha um artigo qualquer que tinha sido surripiado à CIA e ele ia querer vender-mo, ou que seria um agente do IRS à paisana (arrependi-me logo de ter conseguido negociar a objetiva sem pagar o imposto…). Aproximei-me. Tirou os óculos e estendeu-os na minha direção. (Percebi: vai querer vender-me uns óculos escuros.) E apontou para os meus. Mas os óculos dele não eram escuros, eram como os meus, graduados, de lentes claras. Eu tirei os meus e estendi-lhos explicando: «Os meus óculos são desenhados por dois designers, chamam-se Alain Mikli e Philippe Starck. O Starck, para além de ter inventado um sistema de articulação muito sofisticado para estes óculos é um designer francês muito conhecido em todo o mundo e tem vários projetos em Nova Iorque.» E ele, estendendo-me outra vez os dele, disse, sorrindo: «Os meus também, irmão: Alux de Lumiére, limited edition.»
Philippe Starck e Alain Mikli apresentaram a edição limitada e numerada “Collector’s Box” revelando os óculos “Alux de Lumiére”. Apresentadas numa caixa como uma joia, estas armações feitas de alumínio brilhante são o resultado de know-how único e uma tecnologia e estética de vanguarda. Para colecionadores, à venda nas lojas Alain Mikli e nalgumas lojas de ótica. A “Collector’s Box” está à venda por 1500 Euro.
ver também em http://www.pnetdesign.pt/?p=1366
A MoMA Design Store tem à venda, em destaque, produtos de designers portugueses, sob o tema Destination Portugal. Estes produtos estão na loja da 54th Street desde Maio e ali ficarão alguns meses. A coleção mostra cerca de 100 artigos, alguns deles longe de Portugal pela primeira vez, de designers mais conhecidos e de designers emergentes. Muitos dos produtos usam materiais e técnicas tradicionais, valorizando princípios de design ecológico.
No último dia, cumpri um sonho de mais de trinta anos: comprei uma objetiva olho-de-peixe (nenhum lugar é melhor do que Nova Iorque para bater umas chapas com uma olho-de-peixe, a arredondar o skyline e a dobrar a espinha aos arranha-céus). Entrei numa das muitas lojas de máquinas fotográficas, telemóveis, computadores, iPades, todo o tipo de gadjet e bugigangas: o Martim Moniz em bom.
À porta, um vendedor de carreira, como só em Nova Iorque: cumprimenta-me, quer saber como me sinto naquele dia, pergunta-me pela família, e diz-me que tem tudo o que eu preciso. E tem. Testa-se, discute-se o preço, paga-se e sai-se… mas não sem antes ter de recusar trinta modelos de última geração de telemóveis e computadores, apregoados por outros tantos vendedores da mesma loja.
Já com a mão na porta, um dos homens toca-me insistentemente no ombro, a apontar-me um elegantíssimo afro-americano sentado a meio da loja, não com ar de vendedor, mas com ar de ser o dono daquilo tudo. Tinha um ar sereno, muito bem vestido, de azul, e eu nem sequer tinha reparado nele porque não me tinha tentado impingir nada. Mas agora olhava para mim, olhos nos olhos, e apontou o dedo negro e luzidio na minha direção. Percebi que não apontava para mim apenas. Apontava, precisamente, para a minha cara, com o braço em riste, e o dedo esticado na direção do meu nariz. Não fiquei nada à vontade.
O outro, o que estava à porta disse-me: «Ele quer mostrar-lhe uma coisa». Ainda menos à vontade, pensei que o homem seria mudo, ou que tinha um artigo qualquer que tinha sido surripiado à CIA e ele ia querer vender-mo, ou que seria um agente do IRS à paisana (arrependi-me logo de ter conseguido negociar a objetiva sem pagar o imposto…). Aproximei-me. Tirou os óculos e estendeu-os na minha direção. (Percebi: vai querer vender-me uns óculos escuros.) E apontou para os meus. Mas os óculos dele não eram escuros, eram como os meus, graduados, de lentes claras. Eu tirei os meus e estendi-lhos explicando: «Os meus óculos são desenhados por dois designers, chamam-se Alain Mikli e Philippe Starck. O Starck, para além de ter inventado um sistema de articulação muito sofisticado para estes óculos é um designer francês muito conhecido em todo o mundo e tem vários projetos em Nova Iorque.» E ele, estendendo-me outra vez os dele, disse, sorrindo: «Os meus também, irmão: Alux de Lumiére, limited edition.»
Philippe Starck e Alain Mikli apresentaram a edição limitada e numerada “Collector’s Box” revelando os óculos “Alux de Lumiére”. Apresentadas numa caixa como uma joia, estas armações feitas de alumínio brilhante são o resultado de know-how único e uma tecnologia e estética de vanguarda. Para colecionadores, à venda nas lojas Alain Mikli e nalgumas lojas de ótica. A “Collector’s Box” está à venda por 1500 Euro.
ver também em http://www.pnetdesign.pt/?p=1366
domingo, 6 de junho de 2010
Domus Academy
China, Colômbia, Brasil, México, Turquia, Rússia, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos da América, Portugal, Itália, Índia, Tailândia, Alemanha, Coreia do Sul, Marketing, Comunicação, Gestão, Economia, Design de Moda, Design Gráfico, Design Industrial, Literatura, Jornalismo, História de Arte, Tecnologia da Moda, Direito, Belas Artes.
Esta é a origem – geográfica e académica -- dos trinta e um estudantes do Master in Fashion Management da DOMUS ACADEMY (DA).
A DA tem a decorrer nove mestrados em diversas áreas do design e da gestão (moda, arquitetura, automóveis, etc.) e é reconhecida como uma das melhores escolas do mundo. Os cursos de mestrado são a principal oferta de educação da DA mas, para além disso, a escola promove uma vasta gama de cursos intensivos para jovens designers e profissionais de outras áreas que queiram explorar novas oportunidades de carreira.
Em 2009, a DA foi adquirida pela Laureate International Universities, líder mundial da educação da arte e do design, com uma reputação de criar uma experiência educativa multicultural.
O curso (Master in Fashion Management) tem a duração de doze meses, entre Janeiro a Dezembro, e está desenhado para tirar partido da grande diversidade cultural e académica dos alunos que o frequentam, promovendo um riquíssimo intercâmbio disciplinar e cultural, num meio em que é essencial adquirir competências de gestão da criatividade, participando em projetos que tocam as áreas da produção, da comunicação e da distribuição. O curso promove laboratórios (workshop) em que os estudantes desenvolvem projetos concretos, com a participação e orientação de profissionais e empresas de várias áreas da moda e do design. A DA convidou-me para participar num dos laboratórios, o que me deu a oportunidade, mais uma vez, de explorar este melting pot de culturas e experiências e apreciar as diferentes formas de pensar (economias emergentes versus economias maduras, gestores versus designers, etc.)
Estou habituado a gerir as diferentes visões culturais --faz parte do meu trabalho -- como forma de explorar diversos tipos de abordagem e de criatividade, diferentes perspetivas sobre o mesmo problema, conduzindo sempre a interessantes resultados.
Inevitavelmente, ao longo do tempo, fui formando e organizando os meus paradigmas. Sei, por exemplo, que é muito mais fácil pedir a um designer americano que recomece tudo de novo – back to the drawing board – do que a um inglês – que tentará sempre justificar a sua solução como a única possível e a melhor do mundo.
Neste workshop da DA, foi muito interessante sentir que as diferenças da forma de pensar entre os estudantes oriundos de economias maduras e os oriundos de economias emergentes se refletem muito na ingenuidade que deixam transparecer. Estará a ingenuidade está em extinção nos países desenvolvidos?
Para mim, a criatividade é um processo de partilha, em que nem sempre se pode apenas submeter o produto acabado, as ideias polidas; num processo de partilha, as ideias podem, por vezes, parecer estúpidas, ou desprovidas de sentido… e podem depois ser melhoradas, complementadas, desenvolvidas, ou abandonadas.
A capacidade de contribuirmos com ideias que não sabemos se são úteis ou não é desenvolvida na proporção inversa da tolerância do grupo. Por outro lado, a tolerância de um povo aumenta na razão direta da exposição a diferentes culturas.
Apesar de este curso ocorrer numa cidade—Milão—que não é reconhecida pela sua tolerância cultural, fiquei com a clara sensação de que a DOMUS ACADEMY, com a sua abordagem multicultural, está a contribuir para a formação de melhores designers e, portanto, para um mundo melhor. Parabéns, Domus Academy.
Esta é a origem – geográfica e académica -- dos trinta e um estudantes do Master in Fashion Management da DOMUS ACADEMY (DA).
A DA tem a decorrer nove mestrados em diversas áreas do design e da gestão (moda, arquitetura, automóveis, etc.) e é reconhecida como uma das melhores escolas do mundo. Os cursos de mestrado são a principal oferta de educação da DA mas, para além disso, a escola promove uma vasta gama de cursos intensivos para jovens designers e profissionais de outras áreas que queiram explorar novas oportunidades de carreira.
Em 2009, a DA foi adquirida pela Laureate International Universities, líder mundial da educação da arte e do design, com uma reputação de criar uma experiência educativa multicultural.
O curso (Master in Fashion Management) tem a duração de doze meses, entre Janeiro a Dezembro, e está desenhado para tirar partido da grande diversidade cultural e académica dos alunos que o frequentam, promovendo um riquíssimo intercâmbio disciplinar e cultural, num meio em que é essencial adquirir competências de gestão da criatividade, participando em projetos que tocam as áreas da produção, da comunicação e da distribuição. O curso promove laboratórios (workshop) em que os estudantes desenvolvem projetos concretos, com a participação e orientação de profissionais e empresas de várias áreas da moda e do design. A DA convidou-me para participar num dos laboratórios, o que me deu a oportunidade, mais uma vez, de explorar este melting pot de culturas e experiências e apreciar as diferentes formas de pensar (economias emergentes versus economias maduras, gestores versus designers, etc.)
Estou habituado a gerir as diferentes visões culturais --faz parte do meu trabalho -- como forma de explorar diversos tipos de abordagem e de criatividade, diferentes perspetivas sobre o mesmo problema, conduzindo sempre a interessantes resultados.
Inevitavelmente, ao longo do tempo, fui formando e organizando os meus paradigmas. Sei, por exemplo, que é muito mais fácil pedir a um designer americano que recomece tudo de novo – back to the drawing board – do que a um inglês – que tentará sempre justificar a sua solução como a única possível e a melhor do mundo.
Neste workshop da DA, foi muito interessante sentir que as diferenças da forma de pensar entre os estudantes oriundos de economias maduras e os oriundos de economias emergentes se refletem muito na ingenuidade que deixam transparecer. Estará a ingenuidade está em extinção nos países desenvolvidos?
Para mim, a criatividade é um processo de partilha, em que nem sempre se pode apenas submeter o produto acabado, as ideias polidas; num processo de partilha, as ideias podem, por vezes, parecer estúpidas, ou desprovidas de sentido… e podem depois ser melhoradas, complementadas, desenvolvidas, ou abandonadas.
A capacidade de contribuirmos com ideias que não sabemos se são úteis ou não é desenvolvida na proporção inversa da tolerância do grupo. Por outro lado, a tolerância de um povo aumenta na razão direta da exposição a diferentes culturas.
Apesar de este curso ocorrer numa cidade—Milão—que não é reconhecida pela sua tolerância cultural, fiquei com a clara sensação de que a DOMUS ACADEMY, com a sua abordagem multicultural, está a contribuir para a formação de melhores designers e, portanto, para um mundo melhor. Parabéns, Domus Academy.
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