Passei uma semana em Nova Iorque, a evitar um exagero de museus e outros destinos culturais, tentando conhecer a cidade a caminhar nas ruas. Evitei a maior parte dos lugares comuns. Não perdi: o restaurante do nono piso do MAD– Museum of Arts and Design— onde comi uma ótima asa de raia a voar sobre o Central Park; a MoMA Design Store—loja do Museum of Modern Art.
A MoMA Design Store tem à venda, em destaque, produtos de designers portugueses, sob o tema Destination Portugal. Estes produtos estão na loja da 54th Street desde Maio e ali ficarão alguns meses. A coleção mostra cerca de 100 artigos, alguns deles longe de Portugal pela primeira vez, de designers mais conhecidos e de designers emergentes. Muitos dos produtos usam materiais e técnicas tradicionais, valorizando princípios de design ecológico.
No último dia, cumpri um sonho de mais de trinta anos: comprei uma objetiva olho-de-peixe (nenhum lugar é melhor do que Nova Iorque para bater umas chapas com uma olho-de-peixe, a arredondar o skyline e a dobrar a espinha aos arranha-céus). Entrei numa das muitas lojas de máquinas fotográficas, telemóveis, computadores, iPades, todo o tipo de gadjet e bugigangas: o Martim Moniz em bom.
À porta, um vendedor de carreira, como só em Nova Iorque: cumprimenta-me, quer saber como me sinto naquele dia, pergunta-me pela família, e diz-me que tem tudo o que eu preciso. E tem. Testa-se, discute-se o preço, paga-se e sai-se… mas não sem antes ter de recusar trinta modelos de última geração de telemóveis e computadores, apregoados por outros tantos vendedores da mesma loja.
Já com a mão na porta, um dos homens toca-me insistentemente no ombro, a apontar-me um elegantíssimo afro-americano sentado a meio da loja, não com ar de vendedor, mas com ar de ser o dono daquilo tudo. Tinha um ar sereno, muito bem vestido, de azul, e eu nem sequer tinha reparado nele porque não me tinha tentado impingir nada. Mas agora olhava para mim, olhos nos olhos, e apontou o dedo negro e luzidio na minha direção. Percebi que não apontava para mim apenas. Apontava, precisamente, para a minha cara, com o braço em riste, e o dedo esticado na direção do meu nariz. Não fiquei nada à vontade.
O outro, o que estava à porta disse-me: «Ele quer mostrar-lhe uma coisa». Ainda menos à vontade, pensei que o homem seria mudo, ou que tinha um artigo qualquer que tinha sido surripiado à CIA e ele ia querer vender-mo, ou que seria um agente do IRS à paisana (arrependi-me logo de ter conseguido negociar a objetiva sem pagar o imposto…). Aproximei-me. Tirou os óculos e estendeu-os na minha direção. (Percebi: vai querer vender-me uns óculos escuros.) E apontou para os meus. Mas os óculos dele não eram escuros, eram como os meus, graduados, de lentes claras. Eu tirei os meus e estendi-lhos explicando: «Os meus óculos são desenhados por dois designers, chamam-se Alain Mikli e Philippe Starck. O Starck, para além de ter inventado um sistema de articulação muito sofisticado para estes óculos é um designer francês muito conhecido em todo o mundo e tem vários projetos em Nova Iorque.» E ele, estendendo-me outra vez os dele, disse, sorrindo: «Os meus também, irmão: Alux de Lumiére, limited edition.»
Philippe Starck e Alain Mikli apresentaram a edição limitada e numerada “Collector’s Box” revelando os óculos “Alux de Lumiére”. Apresentadas numa caixa como uma joia, estas armações feitas de alumínio brilhante são o resultado de know-how único e uma tecnologia e estética de vanguarda. Para colecionadores, à venda nas lojas Alain Mikli e nalgumas lojas de ótica. A “Collector’s Box” está à venda por 1500 Euro.
ver também em http://www.pnetdesign.pt/?p=1366
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