domingo, 29 de novembro de 2009

Capítulo 1, Parte 2

Laura teve a impressão de que alguém os seguia. O instinto transformou o desconforto num bater de coração mais forte. Vinha gente. «António, tenho medo!» Apurou os sentidos, sentia-lhes o peso dos passos – aproximavam-se. Um grupo de pessoas que veio de qualquer lado chegou-se-lhes muito perto. De súbito, sentiu algo inexplicável, olhou para trás, por cima do ombro de António, e viu um rosto grotesco, enorme, uma máscara horrenda, salpicada de manchas, como cicatrizes de queimaduras profundas. Desviou o olhar, agarrou o braço de António. António estacou entre a figura grotesca e o corpo belo e trémulo de Laura. Abraçou-a. «Espera!» O monstro empurrou-os, ameaçador, como se não houvesse mais por onde passar. Afastou-se. O grupo passou, mudo, sem expressão, mas deixou no ar um cheiro acre de perigo, e de ameaça velada.

 

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