Começou a chover. Deitei-me sobre o sofá, a descansar.
Bateram à porta, fui abrir. Briolanja entrou na sala, suspensa no meu olhar, coberta com um lençol. As tranças vermelhas jorravam do branco. Aproximou-se devagar, olhou-me, trouxe o corpo até ao meu. Senti-lhe a nudez fresca, sob o lençol. Amarrado às tranças senti-lhe o fulgor da respiração. Os mamilos tocaram-me, através do tecido branco. Ficamos ali um bocado, como dantes. Passou o lençol à minha volta, e perdi-me no tempo a percorrer-lhe as tranças de fogo.
Acordei com o telefone a tocar. Não atendi. Era Laura, com certeza. Briolanja ainda ali estava. Esperei que o telefone tocasse novamente e atendi. Era Laura. Tinha parado de chover, o arcoiris riscou o céu, sobre a casa dos gerânios e das sardinheiras. O fogo das tranças de Briolanja extinguiu-se, e todas as espirais pararam de rodar. Quando me levantei, o marcador azul caiu no chão, aos meus pés. Encontrei-te!
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