Franz Joseph Strasse, disse eu ao motorista do táxi quando finalmente deixou de falar com o colega e atirou um olhar para o banco de trás, Hotel NH.
Ya, disse o motorista, ene eiche outel.
Passado um bocado, já tínhamos feito duas curvas e cruzado o rio, perguntou-me: where do you come from?
Fiquei surpreendido e contente por este taxista ser um dos que falam—ainda mais pela forma como fez a pergunta, aberta, dava para contar a vida toda…-- e dei a resposta completa, truque de viajante—I’m from Lisbon, Portugal, but living in Milan. Esta resposta dá para arrancar conversa a todos, dos hooligans do futebol aos jogadores de golfe.
Ah, Milano, disse ele.
Very busy town, disse eu.
Busy and dirty, disse ele.
Dirty and noisy!
Depends on where you live.
Right in front of a Cuban bar, disse eu, best mojito in town—if you can’t beat them, join them!, disse eu, como quem diz, se não me deixam dormir ao menos bebo uns mojitos!
Disse-me que tinha um bom amigo em Milão e conhecia bem a cidade. Desde que vivia na Europa, já a tinha visitado, pelo menos, doze vezes, assim como algumas cidades na região de Nápoles, mas onde não havia máfia. Fiquei envergonhado, afinal, o viajante era eu—pelo menos era eu que estava sentado no banco de trás do táxi—e não conhecia o nome das três ou quatro cidades que me atirou. Ainda não tive muito tempo para viajar, disse eu, estou apenas há seis meses em Milão, desculpei-me. Tens de conhecer estes sítios, disse-me, sou american canadian, vim para Salzburgo há dezoito anos, para jogar hóquei—these guys play good hockey, you know?—casei e tive dois filhos, divorciei-me e fiquei. Pagar uma pensão de alimentos é uma coisa, estar com os filhos é outra. Gosto muito de Itália! Quando era miúdo, no Canadá, costumava comer num restaurante italiano e achei que nunca viria a gostar da Itália porque os homens eram muito machos—foi aqui que a minha mente não percebeu o que é que um jogador de hóquei tem contra machos, mas deixei passar—mas afinal gostei. Seven euro, please.
Eu gostei dos meus cinco minutos da minha missa de Páscoa. Órgão, orquestra e coro! Estes foram os cinco minutos por que esperei vinte e três anos. A missa começou às dez, às dez e um quarto estava de volta ao hotel. Make it ten, Happy Easter!
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