domingo, 19 de outubro de 2008

Futurismo

O Marinetti não caiu no goto dos ingleses quando publicou o Manifesto di Fondazioni del Futurismo no "The Tramp" em 1910, em inglês, exaltando o papel das máquinas, dos motores e da velocidade -- os carros, na sequência do comboio do Oitocentos -- na formação das artes de vanguarda do Novecentos. Apareceu imediatamente o Whyndham Lewis que fez uma série de comentários irónicos: que os ingleses não precisavam de um profeta milanês para lhes dizer que os carros a motor andam depressa; que a extraordinária infantilidade dos Latinos acerca das invenções mecânicas, aeroplanos, maquinaria, etc. já é familiar a quem tenha vivido em França ou na Itália; que a Inglaterra praticamente tinha inventado esta civilização de que o Signor Marinetti agora lhes vinha apregoar; que, enquanto a Itália ainda era uma pântano de intrigas assombrado pelos Bórgias, a Inglaterra já resplandecia na elétrica e brilhante armadura do mundo moderno, disseminando as suas invenções e novo estado de espírito pela Europa e pela América [1].
A Orpheu publica Ode Triunfal no nº 1, em Março de 1915 (a poesia tinha sido escrita em Junho de 1914).
"Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado!". Lembrei-me que tinha de ir a Biella, ver a minha obra -- que vai inaugurar no dia 29.
Empacotei o Debussy no iPod e lá fui.

[1]
Ceserani, Remo, 2005. La modernolatria, la macchina, la polemica antimacchinista. In: Gianci, G., 2005. Modernismo/Modernismi. Dall'avanguardia storica agli anni Trenta e oltre. 5ª ed., Milano: Principato, pp.241-254

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