Fui à apresentação do último livro de Toni Morrison “A Mercy” traduzido em italiano com o nome “Il Dono” (a dádiva, a oferta). Estavam, para além da Morrison, Umberto Eco e um tal Luigi Sanpietro, moderador. O moderador fez uma introdução, tentando explicar porque tinha chamado ao debate “A História: quem a faz e quem a escreve—uma conversa com Toni Morrison” e não conseguiu explicar nada, a não ser a sua presença supérflua. Umberto Eco incidiu em considerações sobre o romance histórico, mas a verdadeira conversa, a partir do tema da escravatura, fê-la Toni Morrison, falando tranquilamente do racismo. Serena, vernacular, e criativa, com uma voz grave – que leu dois pedaços do livro – Toni revelou-se uma excelente professora de literatura, objectiva, clara, e apaixonante. Falou de como tinha crescido em Lorain, Ohio, uma cidade de emigrantes, de muitas origens diferentes, onde o conceito de “whiteness” não existia, e de como se surpreendeu quando, em 49, foi estudar para Washington, onde existiam letreiros de “colored only”, e de como achou aquilo curioso e mandou um para a mãe, como recordação.
Ainda não li “A Mercy” mas fiquei a saber que fala da história de uma jovem, descendente de portugueses, “with the hands of a slave and the feet of a Portuguese lady”, oferecida pela mãe a um negociante, Jacob, como paga por uma colheita mal sucedida e, segundo Toni, com a convicção de que poderia dar-lhe uma vida melhor.
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